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sábado, 24 de setembro de 2011

Não existe escola inclusiva

De tempos em tempos alguém me pede indicação de escolas inclusivas, geralmente são pais em busca de um lugar para os seus filhos mas, de vez em quando, também são professores de escolas que rejeitaram algum aluno e que tentam indicar um outro lugar para os pais que os procuraram.

Infelizmente essa é uma informação que eu não possuo, ou melhor, possuo, mas não da forma como as pessoas gostariam de ouvir.

Não existem escolas inclusivas ou, pelo menos até hoje, eu não conheci nenhuma. E não existem porque o nosso sistema educacional, seja ele público ou privado, ainda está muito longe de ser inclusivo.

Claro que quem acredita que inclusão significa apenas ter alunos com alguma deficiência na escola vai encontrar centenas de escolas inclusivas. Só na rede municipal de Sâo Paulo são mais de mil escolas. Mas não é isso que torna inclusiva uma escola.

Outros entendem que são as escolas que "aceitam", como se inclusão fosse apenas uma concessão que a escola faz aos que ela consideram como diferentes.

Não poucos entendem que a escola inclusiva é aquela que faz a sua parte, desde que a pessoa incluída se prepare para acompanhar as suas regras inflexíveis, alguns chegam mesmo a contratar profissionais para tomar conta dos seus filhos dentro da escola (e ainda chamam esses profissionais de "mediadores"...)

Quando encontram uma escola que tem uma estrutura especial para os alunos com deficiência acreditam que chegaram ao nirvana inclusivo. Quem não quer uma escola toda equipada para as necessidades ( "especiais"?!?) das pessoas com deficiência, mesmo considerando que as pessoas sem deficiência não se beneficiam disso?

Escola inclusiva só vai existir quando a educação passar por uma transformação profunda, valorizando a individualidade de cada e de todos os alunos.

Quando, ao invés de concessões, houver uma ruptura no sistema atual que conduza a uma escola que não estabeleça condições para matricular os alunos (com e sem deficiência). Quando o sistema representar a existência de uma escola que seja boa para todos.

Quando as mudanças beneficiarem toda e qualquer pessoa.

Isso só vai acontecer quando escolas, pais e alunos pararem de olhar só para os seus interesses e entenderem que o interesse de todos está acima dos seus umbigos. Isso não vai cair do céu, nem virá do planalto central.

Enquanto isso não acontece, vou continuar recomendando aos pais que procurem escolas que tenham a ver com seus valores e crenças, como procurariam para qualquer outro filho sem deficiência e que, junto com a escola, procurem transformá-la num ambiente inclusivo.

E que fujam da tentação da escola que aceita, da escola que privilegia, da escola que impõe fardos ilegais.

Descrição da imagem: uma sala de aula perfeita, cheia de crianças de todos os tipos e super equipada.
Postado por Fábio Adiron às 02:01

Concordo em gênero, número e grau com meu amigo Fábio Adiron. Trabalhando na rede pública estadual e municipal de São Paulo ainda estou procurando e, olha: É mais fácil achar agulha no palheiro do que achar uma escola inclusiva na rede pública.

FONTE: http://xiitadainclusao.blogspot.com/2011/08/nao-existe-escola-inclusiva.html (com autorização do autor)

Um comentário:

Ivani Lazarine disse...

Primeiramente, fico indiginada quando vejo alguns profissionais se dirigirem aos alunos com algum tipo de deficência como "alunos de inclusão", como assim, alunos de inclusão?? Segundo, as chamadas salas especiais onde estes alunos chamados de "inclusos" são colocados sendo negada a autonomia do sujeito, a interação social com outros alunos ditos "normais"( o que é normal?), a subjetividade do indivíduo, o olhar para a pessoa e não para a deficiência em si. Geralmente também fica-se evidente os eventuais mecanismos de defesa despertados no cuidador, no educador e na sociedade em geral, como a rejeição, a superproteção (infantilização) e a negação que são direcionados ao indivíduo. Conclui-se que para uma educação inclusiva primeiramente é necessário "derrubar" os estigmas e preconceitos, promover a conscientização da comunidade, eliminar as barreiras arquitetônicas e psicossociais, entre outras medidas...

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