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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Escolas de SP usam recreio para aplicar jogos e brincadeiras antigas

O artigo fala de escolas particulares. Já tentamos em escola pública, onde o índice de violência é considerável alto. Houve resultados satisfatórios até retirarem essa prática, alegando-se que os jogos se perdiam e os alunos demoravam a retornar as salas de aula. É difícil agradar a todos. Mas, vale a pena insistir. Leia o artigo abaixo da Folha online:

19/04/2010 - 09h25

Escolas de SP usam recreio para aplicar jogos e brincadeiras antigas

TALITA BEDINELLI
da Reportagem Local

Escolas particulares de São Paulo começaram a organizar a brincadeira das crianças no recreio. Para substituir a correria habitual do intervalo, elas estão oferecendo espaços onde os professores ensinam a brincar com jogos de tabuleiro ou com brinquedos antigos. Há as que oferecem até cantos de leitura.

O objetivo é transformar o recreio em um momento de aprendizagem. "Quando a criança aprende a brincar, ela aprende a respeitar regras, a saber esperar, a respeitar limites. A gente quer trabalhar a convivência", diz Regina Di Giuseppe, coordenadora do colégio Santo Américo (zona oeste), que oferece atividades no recreio desde o ano passado.

Para a educadora Marisa Elias, do curso de pedagogia da PUC-SP, a ação das escolas é positiva, mas os alunos não podem ser obrigados a participar. "Não pode impor, recreio é liberdade. A criança não pode sair de uma sala de aula e ter que sentar na cadeira para jogar xadrez durante o intervalo."

As escolas dizem que as atividades não são obrigatórias, mas a maioria dos alunos participa. O Pentágono do Morumbi (zona oeste) há cerca de um ano passou a oferecer seis estações de brincadeiras: jogos de tabuleiro, jogos de mesa (como xadrez), música e coreografia, jogos de quadra, brincadeiras folclóricas e leitura. Os alunos vão para a que preferem.

O cantinho de que Arnaldo Rosim, 6, mais gosta é o de jogos de tabuleiro. A mãe diz que ele levou o gosto para casa. "Hoje ele chama a gente para brincar e passa menos tempo no computador, brincando sozinho", afirma Luciana Rosim.

A iniciativa das escolas é justamente uma espécie de contra-ataque ao vício das crianças pelo computador. "A gente percebe que hoje eles passam a maior parte do tempo entretidos com jogos eletrônicos e têm dificuldade de iniciar uma brincadeira. Eles estão sempre à espera de alguém propor", diz Mitzi Moniz, coordenadora pedagógica do Pentágono.

Maria Angela Carneiro, do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da PUC-SP, conta que há pouco tempo fez um experimento em uma escola que coordenava: pediu que as crianças propusessem uma brincadeira. Ela se assustou quando viu os alunos colocarem o pé na parede e dizerem que estavam brincando de tomar sol. "Isso demonstra que há uma falta de repertório de brincadeiras."

No "Cantinho do Brincar" do Santo Américo, professores propõem desafios de grupo, brincadeiras com massinhas, concurso de karaokê e até assembleias --para ajudar as crianças a expor as preferências com mais clareza.

Brincadeiras antigas estão entre as mais procuradas. "Cabra-cega é muito popular", conta a aluna Isadora Monteiro, 10.

Vigilância

Nas atividades oferecidas pelas escolas, os professores ensinam as regras dos jogos e também supervisionam as brincadeiras. Com isso, o número de brigas diminuiu, contam.

Maria Angela, professora da PUC-SP, afirma, no entanto, que as crianças deveriam ter mais liberdade. "Elas acabam esperando que o professor dirija tudo e perdem a oportunidade de ter autonomia. Podem virar adultos inseguros, que não sabem tomar decisão", alerta.

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